Quel

As aventuras de pequena Quel

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Episódio de hoje: Aprendendo alemão

Aula de alemão. Sala abafada. Calor dos infernos. E fome. Muita fome. Afinal, quem foi que disse que aula de alemão na hora do almoço é mais legal que noite adentro?
A professora entra na sala e faz a chamada. 20 alunos presentes, outros 4 devem estar comendo batatinhas na física ao invés de estudarem o mais-que-perfeito de língua teuta. A professora parece brava, tem cara de má. E pior: só fala alemão em sala de aula! Ela se levanta, caminha pela sala, olha bem o rosto de seus alunos e começa a dar instruções sobre o que eles devem fazer. Pequena Quel, cujas perninhas não alcançam o chão, balança os pés para frente e para trás enquanto entende algumas informações soltas: atividade, 5, alunos, 4, livro, caderno, descer, biblioteca, caixa, dicionários.
E então a professora deixa a sala.

Aos poucos, conversando entre si, os alunos vão montando um quebra-cabeça: atividade para ser feita em grupos de 5, não!, em 5 grupos de 4 alunos; devem usar o livro e anotar as respostas no caderno; a professora vai descer até a biblioteca para buscar a caixa com os dicionários.
Todos, satisfeitos com a aparência final do quebra-cabeça, arrastam carteiras e, vagarosamente, montam grupinhos mal distribuídos pela sala.

A professora retorna, coloca a caixa de dicionários em cima da mesa, chama a estagiária (Leah, alemã, berlinense, gosta de política) e elas começam a conversar entre si em voz baixa. Os alunos também conversam entre si enquanto aguardam instruções. As instruções não chegam. Pequena Quel olha insegura para a professora, para a estagiária, para seus pezinhos, para a Mi, para seus colegas e, então, volta a olhar seus pezinhos enquanto os balança para cá e para lá.

Um aluno levanta e pega um dicionário. Bravo guerreiro! Orgulho de toda uma turma, quiçá de toda uma nação! Outro colega o segue. Pequena Quel se levanta e pega um para si e mais um para cada colega em seu grupo (é preciso fazer amizades para se sobreviver a um semestre de alemão). Em pouco tempo, cada aluno segura um dicionário. E, então, cada um olha para o colega do lado com a expressão de quem quase pergunta. Alguns minutos entram na sala e, ignorando o grupo confuso, logo vão embora, sem oferecer ajuda ou esperar pelo desfecho. É assim que o tempo passa.

Pequena Quel finalmente divide sua angústia com os colegas do grupo, em voz baixa, quase num sussurro: “ela já disse o que temos que fazer?”; um colega do grupo ao lado responde: “acho que sim, deve ser tarefa do livro”. Rapidamente, cada aluno abre seu livro e começa a procurar a tarefa… uma tarefa… qualquer tarefa! A busca é incessante. Aos poucos, vozes inquisidoras vão se tornando cada vez mais altas:
“ela disse mesmo?”,
“deve ter dito!”,
“acho que é o exercício 5”,
“ela falou alguma coisa de caderno”,
“ela também falou ‘allerdings’, mas não entendi o resto”,
“o que é ‘allerdings’?”,
“ale-o-quê?”,
“‘allerdings!”,
“que palavra engraçada!”…

E, assim, mais alguns minutos vão embora. Quando os alunos se dão conta de que não haviam entendido qual era a tarefa, uma pequena vergonha surge na sala e, aos poucos, vai tomando conta da turma. E pequena Quel só consegue olhar para seus pezinhos, para cá e para lá. Mais de quatro semestres de estudos e ninguém havia entendido o que deveria ser feito. Pezinhos. E agora? Para cá. Perguntar? Para lá. Correr o risco de levar uma bronca? Pezinhos. Mas já se passou tanto tempo! Para cá. Alguém vai perguntar logo. Para lá. E logo era tarde demais.
Eis que a estagiária pergunta à professora:
_ O que eles estão fazendo?
E a professora responde surpresa:
_ A tarefa!
_ Que tarefa?
_ A tarefa que eu passei para eles.
_ Mas você não passou tarefa nenhuma o_O

Todos os olhares estão fixos na professora. Ela respira fundo e olha para pequena Quel, que, muito habilmente, concentra-se em seus pezinhos, para lá e para cá. A professora então se dá conta de que não havia passado a tarefa. Ao sair para buscar os dicionários, esquecera-se de que não havia terminado de dar suas instruções. Mas ela está brava. Como ela iria saber que não havia passado a tarefa? Todos estavam com dicionários em mãos, lendo o livro e discutindo em grupo! A vergonha fica cada vez maior, até tomar conta da Unicamp inteira. Os alunos no CB de súbito se sentem envergonhados sem nem saber o motivo. E, na aula de alemão, pequena Quel é toda pezinhos, para cá e para lá.

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Written by Quel

dezembro 3, 2014 at 2:30 pm

As aventuras de pequena Quel

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Episódio de hoje: Comprando uma geladeira

Em dezembro de 2012, pequena Quel, que já não é tão pequena assim, comprou uma geladeira da GE. Duplex, 445 litros, Frost Free e o escambau a quatro. Só que a geladeira veio com problemas existenciais. Não tinha vocação para refrigerador. Desde que foi montado, esse eletrodoméstico queria ser um armário. Um armário branco, bonito e imponente… mas um armário. E ao longo do ano nossa heroína teve que lidar com as crises dessa complexa geladeira. E vejam bem, caros leitores, pequena Quel sempre respeitou e defendeu o direito de escolha de seres animados e inanimados. Mas essa não era uma situação comum. Acontece que, em seus ataques, o louco refrigerador acabava ferindo todos ao redor. Vários alimentos não resistiram e, após dias de agonia, pereceram. E existe coisa mais doída na vida que ver uma bandejinha de bacon ser jogada fora? Era uma bandeja com tanto potencial! Poderia ter sido tanta coisa gostosa na vida… mas a GEladeira desvairada, num posicionamento absurdamente autocentrado, roubou do bacon todas as suas possibilidades. E isso pequena Quel não podia perdoar. E não vamos nem falar dos queijos, ok? Esta história já é trágica demais sem ficarmos listando os queridos companheiros que pereceram antes do tempo.

E então, a cada crise, o técnico autorizado era chamado. Ele vinha, conversava com a GEladeira, fazia carinho, trocava os parafusos soltos e fazia com que ela voltasse a gelar. Mas essas crises existenciais se repetiram várias vezes ao longo do ano e, em dezembro de 2013, pequena Quel percebeu que a garantia da GE estava para vencer e que a diaba iria continuar tendo suas crises a cada três meses. Assim, pequena Quel tomou duas importantes decisões: pedir o dinheiro de volta (conforme prevê o código de “defesa” do consumidor) e comprar uma geladeira que fosse assim uma Brastemp.

É claro que conseguir o dinheiro de volta não foi fácil. Foram meses de muita luta e inúmeras ligações no SAC da MABE. A princípio, pequena Quel não estava só: ela tinha o Super-PROCON do seu lado. Levou um tempo até ela perceber que o PROCON só servia para lhe orientar incorretamente e lhe fazer promessas que não era capaz de cumprir. Ainda assim, após quase quatro meses e muito estresse, o dinheiro foi devolvido.
E aí pequena Quel foi toda saltitante comprar uma nova geladeira. Ela tomou banho, colocou uma roupa bonita, arrumou o cabelo, passou perfume e… entrou no site do Extra para comprar sua Brastemp. Depois de tantos meses e de tanta briga para se livrar do encosto da GE, tudo o que ela queria era uma geladeira decente, discreta e que cultuasse bons livros. A compra foi feita e a geladeira foi entregue. Fim? Até parece…

Depois de checar a nota fiscal e as etiquetas externas do produto, pequena Quel disse “tchau” aos simpáticos entregadores e foi abraçar e amar sua Brastemp. Tirar o plástico e as mil proteções de isopor foi uma diversão à parte. Nossa amiguinha pulava feliz da vida para conseguir soltar o plástico que se enroscou na parte de cima do refrigerador! Cenas de sincera felicidade.

Mas nem tudo são flores na vida de pequena Quel… quando ela finalmente foi conectar a bonitinha na tomada, veio a surpresa: 220V. Estranho, pois ela comprou uma 110V.
Nota fiscal: 110V
Etiqueta na porta: 127V
Etiqueta grande atrás da geladeira: 127V
Etiqueta pequena atrás da geladeira: 220V
Etiqueta no plug: 220V
Adesivo no motor: 220V
WTF? Tão brincando de quê?

Essa era para ser a geladeira perfeitinha… aquela que iria refrescar seus dias com chá gelado, cuidar do seu bacon, proteger seus queijos e, de quebra, gelar as taças ao lado da garrafa de champagne francês (pois pequena Quel é chique e manda beijin no ombro).

Agora nossa pequena aventureira parte em uma nova jornada: conseguir trocar a geladeira por uma com a voltagem definida e correta. O prazo informado para a troca é dia 28/03; afinal, geladeira não é algo assim tããão importante. Nossa heroína não estava fazendo nada mesmo, então ela pode se sentar e esperar. No momento só posso dizer que pequena Quel está aceitando doações de caixas de isopor e paciência.
E aí, amiguinhos? Conseguirá pequena Quel ter uma geladeira que funciona?

[Continua…]

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dezembro 2, 2014 at 2:27 pm

Mensagem Subliminar IV: Hércules

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Para começar, precisamos contextualizar o filme Hércules (1997), pois os caça-subliminares parecem não se dar o trabalho de separar o mundo-real-atual do mundo-mitológico-grego-antigo:

O desenho conta a história do personagem mitológico Hércules (também conhecido por Héracles, Alcídes e por muitos epítetos), herói famoso em toda a literatura antiga (cf. Hesíodo, Apolodoro, Virgílio, Propércio, Ovídio, Higino, Sêneca, entre muitos outros autores). O filme da Disney traz uma versão do mito de Hércules levemente baseada nos dados mais recorrentes entre as várias versões existentes e, claro, com inovações para cativar o público infantil.

A história se passa no mundo mitológico da Grécia antiga, ou seja, está muito distante da nossa realidade: mesmo entre os gregos antigos, segundo relatos, não era possível afirmar se Hércules existiu ou se era somente uma história inventada que foi contada ao longo de gerações; e, se ele existiu, o mais provável é que ele não era um herói semi-humano com força sobrenatural. Assim, a história de Hércules não evoca um civilização demoníaca que lida com forças malignas, mas um povo antigo cujas crenças devem ser respeitadas.

Para minha crítica, dentre os muitos sites que apontam subliminares em Hércules, utilizei principalmente esteeste e este vídeo (de um pastor).

Enfim, o primeiro ponto que sempre criticam em relação à história é a presença de Hades, que muitos afirmam ser “inferno” em grego. Mas eu explico: Hades vem do grego Άΐδης, que significa “aquele que não pode ser visto”; era, de acordo com a mitologia, o deus do Mundo dos Mortos, também chamado de Inferno (mas que não deve ser identificado com o Inferno dos cristãos, pois há uma distância cultural gigantesca entre essas duas definições). É evidente que mais tarde a palavra Hades foi utilizada para designar o inferno do mundo cristão, como pode ser verificado em algumas passagens bíblicas, mas foram homens cristãos que fizeram essa identificação muito depois do surgimento de Hades na religião grega.

É importante destacar que Hades não era necessariamente mau, assim como todos os outros deuses, ele desfavorecia ou favorecia alguns mortais de acordo com sua vontade. Mas na história da Disney ele é o vilão, ou seja, ele é como o Capitão Gancho ou a bruxa malvada da Branca de Neve: não é o demônio em pessoa se manifestando pra destruir criancinhas diante da TV.

A figura de Phil, treinador do herói, também é apontada como referência ao demônio em forma de bode. Bom, Filoctetes na mitologia grega possuía a forma humana e não desempenhava o papel que ele tem na animação; mas muitas são as figuras metade bode e metade homem na mitologia, como os sátiros e o deus Pan. Há quem diga que Phil é uma referência ao paganismo, então eu digo: o filme todo é uma grande referência ao paganismo, pois a religião grega antiga, não sendo cristã, pode ser considerada pagã.

Há uma cena do desenho muito comentada nos sites de subliminares: nessa cena, o fogo da cabeça de Hades forma a palavra Jesus (bem no momento em que ele diz “e o único idiota que pode estragar tudo está perambulando por aí”) e depois esse mesmo fogo forma uma cruz.

Ok. Vamos analisar a imagem da “óbvia” referência a Jesus que não dura nem meio segundo:

Eis o que os “especialistas” em subliminares veem:


Como quem procura acha, olha o que eu encontrei nessa mesma cena:

1. J suis, do francês, Je suis (“eu sou”); dessa forma, acredito que a disney estava conduzindo as crianças, principalmente as francesas, a um momento de catarse, para que pudessem refletir sobre sua trajetória pessoal.

2. S.O.S.: uma clara referência à necessidade de se pedir ajuda em caso de incêndio, alerta reforçado pelo fogo que emana do corpo de Hades.

3. II aviãozinho Y N: como sabemos, YN é New York ao contrário. A referência ao ataque  às torres gêmeas do WTC é evidente no desenho do primeiro prédio prestes a ser atingido pelo avião terrorista, e o fogo de Hades ajuda a compor a cena trágica que chocou o mundo no dia 11 de setembro de 2001. Essa previsão é ainda reforçada pelo fato de Hércules (1997) ter estreado na Nova Zelândia no dia 11 de setembro (ver IMDB).

Em relação ao símbolo da cruz, preciso mesmo explicar? Se a personagem tem na cabeça uma chama que é atiçada de acordo com seu humor, numa explosão de raiva é aceitável que ela tome conta de todo o seu corpo; e, se ele abre os braços nesse estado de ira, o que temos? Uma cruz.

Ora, qualquer pessoa em pé que abrir os braços com as pernas fechadas irá formar uma cruz (será coincidência? o.O). Há quem veja no Cristo Redentor uma referência a sua crucificação, mas há quem veja nele um Jesus abraçando a humanidade, abençoando o Rio de Janeiro e distribuindo amor. Ou seja, nem todo braço aberto faz referência à cruz. E mais, a cruz, antes de ser o símbolo do cristianismo, era uma estrutura de madeira que mantinha os prisioneiros (cristãos ou não) de braços abertos para que tivessem uma morte lenta e dolorosa; e a forma em T era só um dos muitos modelos utilizados para a crucificação na antiguidade.

E agora eu pergunto, quem é “o único idiota que está perambulando por aí” a quem Hades se refere naquela cena?
a)     Hércules.
b)     Jesus.
c)     Quem inventa mensagens subliminares para assustar criancinhas.
d)     Eu, que me dou ao trabalho de tentar explicar o que mentes doentias veem em uma simples animação infantil.

Written by Quel

setembro 4, 2010 at 7:49 pm

Mensagem Subliminar III: A Pequena Sereia

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pequena sereia capaJá critiquei as supostas mensagens subliminares dos livros do Harry Potter e do filme da Cinderela; e mais uma vez venho compartilhar as bizarras notícias de subliminares, desta vez, no filme A Pequena Sereia (1989):

A primeira mensagem subliminar apontada em tudo quanto é site sobre o assunto é a suposta imagem de um pênis que aparece no palácio de Tritão. Antes de julgarmos se a figura é capaz de incitar o desejo sexual em alguém, é preciso nos perguntar se no nosso dia-a-dia não nos deparamos com outras imagens semelhantemente penisesfálicas. Não foi preciso buscar muito no Google para encontrar imagens assim em legumes e árvores. Então será que podemos mesmo julgar que o desenhista do palácio quis que uma coluna nos remetesse a um órgão sexual?

Aproveito para lembrar que, na Roma Antiga, crianças costumavam pendurar no pescoço pingentes em forma de pênis: era uma forma de atrair boa sorte e reverenciar o deus Priapo. Também as figas, cujo uso ainda perdura, são referências ao deus fálico, portador de um avantajado membro. Será que os mesmos puritanos que condenam o filme da Disney não possuem em casa uma “inocente” figa, símbolo da pepriaponetração sexual? E que medo é esse de imagens que nos remetem ao sexo? Elas não nos tornam mais devassos. A malícia está na cabeça das pessoas. Na Roma antiga, os jardins eram decorados com imensas estátuas de pênis e as pessoas ostentavam na sala de suas casas imagens de um Priapo nu. Tudo muito normal. Ninguém se ofendia. E então veio a Igreja proibir, condenar, reprimir.

Na capa também surgem comentários a respeito da posição do príncipe ao lado de Ariel. Uma pergunta que algum caça-sublimar propôs e que foi repetida em todos os sites do gênero é: onde está a mão dele? Oras! Qualquer pessoa com bom senso, levando em conta as proporções anatômicas humanas, perceberá que a mão dele não está em nenhuma posição suspeita. De qualquer forma, a Disney, provavelmente para evitar maiores comentários, desenhou a mão dele em cima da pedra na capa para a nova versão do filme.

padre eretoMas não é só no palácio de Tritão que os puritanos fazem questão de ver um pênis. Dizem que o padre que celebra o malfadado casamento está excitado: quanta imaginação! Pois se aquela dobrinha na roupa do padre é um sinal de excitação, o membro dele é um tanto desproporcional em relação ao resto do corpo. E a dobrinha surge logo após um movimento que ele faz com os braços, sugerindo um simples movimento da batina e não uma ereção (veja aqui). De qualquer forma, na versão em DVD, a dobrinha na roupa do padre não aparece mais, e só sabemos que ela estava lá por conta dos mil sites que exibem a imagem da versão antiga do desenho.

sereia nao sexyUma ONG criada para denunciar mensagens subliminares viu sensualidade demais no corpo de Ariel. É curioso observar que, embora o site se refira claramente à princesa da Disney, a imagem exibida é a de uma versão genérica para a história da pequena sereia. Mas o caso é que a princesa tem curvas, é magra: típico padrão de beleza difundido pela sociedade e que, sereia sexynão se pode esquecer, faz parte do imaginário popular em relação às sereias; mas não vejo nada de exageradamente sensual em sua imagem. Que o pessoal do site não veja as versões mais picantes para a princesa que andam aparecendo na internet!

Enfim, acredito que subliminares existem e que é interessante sua divulgação na internet; mas falta muito bom senso. Antes de se colocar fogo em todas as animações da Disney, acho importante prestar mais atenção e se perguntar sempre se, de fato, é no filme que a malícia está.

Written by Quel

setembro 16, 2009 at 1:08 am

Libertas que será também

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Na bandeiraBandeira_Minas mineira lê-se: Libertas quae sera tamen.

A tradução desse verso, escolhido pelos inconfidentes para estampar a bandeira do estado de Minas Gerais, gera discussão somente entre os latinistas, pois, para grande parte da população, a indiscutível tradução seria “Liberta que serás também”.  E assim dizia ter traduzido Vinícius de Moraes no poema Pátria Minha:

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”

O lema latino é um verso que compõe a obra Bucólicas (também conhecida por Éclogas), de Virgílio. O famoso poeta da Eneida assim escreveu:

Libertas, quae sera tamen respexit inertem,
candidior postquam tondenti barba cadebat,
respexit tamen et longo post tempore venit,
postquam nos Amaryllis habet, Galatea reliquit.

(Bucolica, I, vv. 27-30)

Gosto de uma antiga tradução para esse trecho (de A.T.M., 1825):

A liberdade; a qual inda que tarde
Com tudo sobre mim então inerte,
Quando eu já branca tinha a minha barba,
Suas vistas lançou mui favoráveis.
Sim seus olhos pôz em mim, e chegou
Longo tempo depois, quando Amaryllis
Em seu poder nos tem, e Galeteia
De todo nos deixou inteiramente.

Entre as traduções aceitáveis para  o lema da bandeira a mais comum é “Liberdade, ainda que tardia”, mas na internet circulam diversas “traduções” para o dístico de Virgíliolibertas que sera. Há, por exemplo,  fotos de uma garota que tatuou: “Libertas que será também”. E, para mim, o mais curioso não é ter errado na tradução (poucas pessoas têm conhecido da língua latina ou tomam o cuidado de checar sua tradução leiga em uma fonte segura), o pior é o erro de português!

E então ela leva estampado no corpo a ignorância da língua latina (totalmente perdoável) e a ignorância da língua portuguesa (não tão perdoável assim).

Written by Quel

setembro 12, 2009 at 3:13 pm

Publicado em Curiosidades, Latim

Indo ao Teatro…

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mascaras

Brasileiros, de modo geral, não têm o costume de frequentar teatros. Não os culpo. Entre os poucos teatros existentes, um número ainda menor está em boas condições e são acessíveis à população comum. Mesmo assim, quando vou assistir a um espetáculo, não consigo deixar de olhar feio para quem não respeita algumas das convenções do teatro.

É evidente que algumas apresentações permitem à plateia uma liberdade maior; mas, na maioria dos espetáculos, o bom senso pede para seguirmos as convenções: uma forma singela e centenária de mostrar ao artista o quanto você respeita o trabalho dele.

A maior dica para quem não está acostumado a frequentar teatros é OBSERVAR. Na dúvida, olhe discretamente para ver o que as outras estão fazendo; evita-se, dessa forma, aplaudir ou virar às costas para o palco na hora errada.

Os aplausos são um grande problema principalmente quando se trata de concertos: o costume é aplaudir apenas no final, e não entre os diversos atos ou movimentos que estiverem sendo executados. No entanto, mais mal educado do que quem aplaude no momento errado é quem o corrige com um sonoro “chiiii”.

aplausosAs convenções existem e eu, particularmente, as aprecio muito; mas é evidente que as regras podem ser quebradas, só que devemos tomar muito cuidado para não ofender os que nos brindam com sua arte: Beethoven, por exemplo, chegou a ser aplaudido em Paris após cada um dos movimentos, mas duvido que ele tenha se sentido ofendido. Vale o bom senso.

As campainhas do teatro, para mim, são sagradas. Sempre há quem, mesmo após a terceira campainha, continue conversando como se estivesse em sua própria casa. Eu fecho a boca logo após a segunda campainha, assim tenho tempo de me preparar para a apresentação. Imagino as campainhas como níveis de concentração: e a terceira exige toda a atenção do mundo voltada para o palco.

Comentar o que está se passando também pode ser muito desagradável. O melhor é guardar seus comentários para quando a apresentação estiver acabada. Lembro-me de uma vez que, enquanto todos esperavam que um ator fosse aparecer no palco, ele apareceu no fundo do teatro; e alguém gritou “ele está ali atrás!”. Ridículo. Teria sido muito mais educado se cada um que percebesse onde estava o ator virasse seu pescoço para trás, em pouco tempo todos já teriam notado e a fala da personagem não teria sido interrompida.

Falando em interrupção, de nada adianta desligar o celular se você não se lembrar de checar o relógio. Aqueles apitos de hora em hora também podem incomodar. Tosse também tem limite: se achar que não irá parar logo de tossir, o melhor é se dirigir ao banheiro e voltar quando estiver se sentindo melhor.

O final do espetáculo também exige alguns cuidados: em um concerto as palmas são longas, geralmente terminam após o maestro agradecer, pedir aos músicos para agradecerem e então agradecer novamente. Algumas vezes os aplausos vão além disso, obrigando o maestro a retornar mais vezes ao palco. Enquanto houver aplausos ele tentará ir embora e será obrigado a retornar, por isso também não é legal aplaudir demais.

E antes de sair, certifique-se de que os artistas deixaram o palco. Não vire às costas enquanto eles ainda estão apreciando os aplausos e desfrutando do resultado de sua apresentação.

plateiaSe você não ficou satisfeito com o que viu, não precisa aplaudir de pé; mas deixar de bater palma me parece um exagero. Você provavelmente escolheu ir ao teatro por conta própria, então não precisa ofender os artistas ou os que gostaram da apresentação. Expresse sua opinião ao não recomendar o espetáculo para um conhecido. Não precisa ser mal educado.

Para quem não tem o hábito de ir a teatros, é realmente difícil se policiar o tempo todo para respeitar às convenções ou para quebrá-las sem perder o bom senso, mas acho que vale o esforço.

Ser plateia também é uma arte; e se cada um desempenhar bem o seu papel, o espetáculo será ainda mais bonito.

Written by Quel

agosto 31, 2009 at 2:13 am

Publicado em Curiosidades, Momentos

Baseado em Fatos Reais

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Sempre fui fascinada por filmes baseados em fatos reais. Não sei explicar o quanto me comove quando, ao final do filme, aparecem aqueles escritos contando o destino de algumas personagens, e é nesse momento que eu pareço cair na real de que tudo o que vi anteriormente fora baseado em histórias que realmente aconteceram. E quando o filme de fato termina, vem uma vontade louca de saber como foi a história de verdade e o que aconteceu com outros personagens.

CUIDADO: SPOILERS!

Um filme que me marcou muito foi O Oléo de Lorenzo (1992), sobre a luta de um garotinho para sobreviver a uma doença rara; eu nem conseguiria colocar nesse blog o quanto esse filme ainda mexe comigo. Sempre que revia o filme eu acessava a página da família dele para obter notícias, até o falecimento dele no ano passado.

Crowe-NashEm alguns filmes a história precisa ser um pouco modificada para agradar ao público, como em Uma Mente Brilhante (2001), no qual são omitidas as várias separações dele e da esposa por conta da instabilidade de John Nash. Também descobri que o discurso feito no final do filme, ao receber o Nobel de Economia, é fictício, pois como Nash deixou de usar remédios, ele foi proibido de fazer um discurso de agradecimento: uma idéia sensata se considerarmos que ele já promoveu idéias anti-semititas, muito embora ele tenha atribuído à sua doença tais pensamentos mais-que-politicamente incorretss. As visões que ele tinha no filme também são incorretas, uma vez que suas alucinações se limitavam a vozes.

robin-patchNo filme Patch Adams (1998), que, conforme o costume brasileiro, recebeu um sub-título de gosto duvidoso: o amor é contagioso; mudanças no roteiro fizeram com que o destino de uma importante personagem fosse alterado: a namorada de Patch da época de faculdade não foi morta, ao contrário, ela continua muito viva e é mãe de dois filhos de Patch, um deles possui o curioso nome de Atomic Zagnut Adams. O assassinato que tanto afetou a vida do médico é de um amigo seu, e não de sua namorada. E também o abalou o suicídio de seu tio, que ocorreu na mesma época em que uma antiga namorada o largou, o que o levou a pensar em suicídio.

smith-gardnerEm À Procura da Felicidade (2006), o final da personagem é contado, mas o filme esconde a infância terrível de Chris Gardner e sua má conduta na vida adulta: ele usava drogas (chegou a vender cocaína), era infiel (seu filho era fruto de um caso fora do casamento) e ele não era um pai tão atencioso (há relatos de que nos primeiros 4 meses do programa ele não fazia a menor idéia de onde estava a criança). Mas me dá arrepios saber que a cena no banheiro foi de fato baseada em um episódio real da vida de Gardner.

depp-dillingerE a inspiração para este post veio do filme Inimigos Públicos (2009), filmaço ainda em cartaz por aqui. As alterações no filme ficam por conta de incorreções na data da morte de alguns bandidos e no fato de duas civis terem sido mortas no tiroteio do cinema Biograph no dia da morte de Dillinger. Mas pesquisar sobre a verdadeira história do bandido me chamou a atenção pela história de Anna Sage, cujo destino não é revelado: ela acaba deportada para a Romênia dois anos após a morte de Dillinger; não é à toa que o policial não lhe dá nenhuma garantia.  Aliás, a expressão “dama de vermelho” para indicar uma pessoa não confiável surgiu por conta de Sage, que vestia uma saia laranja (vermelha sob a luz do cinema) para que os policiais pudessem reconhecer o famoso assaltante de bancos.

Eu adoro ler sobre as histórias reais por trás dos filmes, mesmo quando o filme em si não me agradou muito, como é o caso de O Exorcismo de Emily Rose (2005); o único filme sobre o qual eu nunca pesquisei e jamais irei pesquisar é A Troca (2008), simplesmente porque me chocou demais.

Parte das informações e algumas das imagens foram tiradas deste site: Chasing The Frog.

Written by Quel

agosto 16, 2009 at 5:20 pm

Publicado em Cinema

Mensagem Subliminar II: Harry Potter

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harry demonHá pouco tempo escrevi sobre as supostas mensagens subliminares no filme da Cinderela. Agora decidi compartilhar as mais bizarras notícias de subliminares nos livros de Harry Potter.

Não entendo como as pessoas se esforçam tanto para encontrar “satã” em tudo quanto é lugar; e o mais irônico é que quem procura pelo demônio são justamente aqueles que dizem negá-lo e não desejarem nenhuma referência a ele. Enfim, a série de livros da britânica J. K. Rowling não escapa aos olhos mais que treinados dos caça-subliminares:

sub harryA Subliminar mais divulgada na internet é de um site oficial (o qual parece não existir mais). O mais incrível é que os críticos nunca chegam a uma conclusão de qual figura satânica é que conseguem visualizar no fundo amarelo do tal site: alguns dizem que é uma bruxa, outros que é um bode, outros ainda alegam que é o próprio demônio. Eu até consigo distinguir dois olhinhos, mas querer afirma que a figura foi proposital e que ela é capaz de aliciar criancinhas inocentes me parece um exagero. Mas se ver o Michael Jackson em uma bandeja de gordura é possível, por que não ver o demônio em um pedacinho da imagem de fundo de um site fora do ar? Aliás, já pensaram que se o site não existe mais, quem anda divulgando o demônio através daquela imagem são os mesmo que dizem ter aversão a ele? Ouvi dizer que  são os melhores propagantistas do cão.

E há ainda um hilário artigo resultado de uma suposta entrevista na qual a autora admite ter pacto com o demônio:

J.K. Rowling não foi absolutamente como eu esperava que fosse: foi agradável, engraçada e admitiu pronta e abertamente que é satanista. “É verdade”, ela disse, “…eu trabalho para o diabo, belzebu, satã, lúcifer…em todas as suas manifestações profanas. Devo todo o meu sucesso, glória e poder ao meu doce e maravilhoso lúcifer.”
Mastigando ruidosamente um sanduíche de pepino, Rowling explicou que sua devoção ao príncipe das trevas foi gerada quando ela ainda era uma mãe solteira, que recebi (sic) auxílio do governo. Rowling, ou como ela mesma doravante deseja ser reconhecida, Sra. Satã, contou como estava sentada em uma cafeteria num dia cinzento, imaginando o que faria com sua vida vazia e sem objetivo, quando um pensamento a impactou: “Vou me oferecer de corpo e alma ao mestre das trevas e em retorno, ele me dará saúde e um poder absurdo sobre os fracos e deploráveis do mundo. E ele o fez!”

cucumber_sandwich_2Esse artigo pode ser encontrado em diversos sites de mensagens subliminares e notícias religiosas (como esse, esse e esse), mas tenho para mim que ele foi feito para um site de humor. Que outra explicação há para alguém misturar Rowling, Satã e sanduíches de pepino???

Há também quem veja no unicórnio e na fênix, dois animais mitológicos que, diga-se de passagem, são muito anteriores à obra de Rowling, referências ao demônio. Como ninguém percebeu isso antes? E ainda há quem afirme que a série é uma espécie de bíblia que ensina as pessoas a fazerem feitiço ou , como diz esse site: “os livros da série são manuais de feitiçaria e bruxaria disfarçados de entretenimento”. Claro! Porque todo mundo sabe que se dissermos “alohomora” com muita fé, não há fechadura que resista.

erisedMas a mais engraçada eu guardei para o final: uma leitora desavisada ficou estarrecida com o fato de que, no primeiro livro da série, o espelho no qual Harry vê refletido seus maiores desejos chama-se OJESED: desejo ao contrário. E então decidiu espalhar a novidade no Yahoo! Respostas:

O nome do espelho é: “Ojesed” que por mais curioso que seja ao contrario “Ojesed é Desejo” você pode testar…

E então ela se pergunta como uma autora “americana” teria “sem querer” colocado tal nome no espelho. E eis que alguns desavisados também compartilham da surpresa da garota, dizendo o quanto é interessante e legal a “descoberta” da guria.

Realmente, o demônio tem sido muito eficaz ao adentrar dessa forma na vida de pessoas inocentes.

Written by Quel

julho 12, 2009 at 10:27 pm

Publicado em Curiosidades, Subliminares

Traduzindo

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Traduzir qualquer língua não costuma ser uma tarefa fácil, geralmente envolve um grande conhecimento da língua e do texto que está sendo traduzido. Mas como o latim e o português são línguas parecidas (há quem diga que as línguas românicas são dialetos do latim, dada a semelhança), não é raro encontrar quem se atreva a fazer uma tradução sem ter a mínima noção do que está fazendo.

Concordo que alguns textos em latim, por serem tão conhecidos (tanto em latim quanto em português), são facilmente traduzíveis. Como este trecho da Vulgata, por exemplo:

dixitque Deus: ‘fiat lux!’ et lux facta est. (E Deus disse: “faça-se a luz!” e a luz foi feita)

E a internet reúne muitas dessas traduções bizarras de pessoas que nem conhecem o texto, muito menos a língua latina. Um exemplo é a tradução da estrofe em latim da música Nirvana (do grupo Elbosco), que pode ser encontrada em diversos blogs e sites de letras de músicas. Eis o trecho da canção:

Et erunt signa in sole
Et luna et stellis
Et presura gentium
Prae confusione sonitus maris.

E, como pode ser verificado, por exemplo, no Vagalume ou no Letras, a tradução mais comumente encontrada é a seguinte:sol

E sempre siga o sol
A lua e as estrelas;
E aprecie gentilmente
A confusão dos sons dos mares.

Um trecho muito bonitinho, mas totalmente distante do que realmente diz o texto em latim. Eis a minha tradução:

E haverá sinais no sol,
Na lua e nas estrelas,
E também haverá angústia entre os povos
Diante de uma confusão de sons do mar.

Este trecho, bem distante do alegre convite para se apreciar a natureza, é,  na verdade, uma citação bíblica (Lucas, 21:25) a respeito dos sinais do apocalipse!

Nota: É evidente que traduções diferentes da minha podem ser propostas, alguém pode, por exemplo, dar um sentido diferente para a preposição “prae”; mas acho improvável que o trecho possa assumir um sentido muito diferente do que eu apresentei aqui.

Written by Quel

julho 11, 2009 at 2:36 pm

Publicado em Curiosidades, Latim

+5 Fimes “Estrangeiros” que você tem que ver

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Estava lendo o Chongas quando me deparei com um post sobre filmes “estrangeiros” que, de tão fantásticos, merecem ser assistidos (várias vezes). E lá se encontram listados: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), O Labirinto do Fauno (2006) e Old Boy (2003). A França tem realmente produzido comédias interessantes como A Noiva Perfeita (2006) , O Closet (2001)  e a série Táxi (1998-2007), mas Amélie ainda é insuperável; Guillermo Del Toro está traçando seu caminho a la Tim Burton, e eu, claro, adoro; e Old Boy certamente foi uma surpresa para mim, pois não sou muito de assistir a filmes coreanos, mas tem pelo menos mais um filme desse diretor (Chan-wook Park) que eu recomendo: Sympathy for Mr. Vengeance (2002).

Assim, concordo plenamente com a lista do Chongas, e à essa lista decidi acrescentar mais 5 filmes estrangeiros que eu acredito serem memoráveis:

eternal_sunshineBrilho Eterno de uma Mente sem LembrançasEternal Sunshine of the Spotless Mind (2004):  Só pelo tamanho do título o filme já merece meu respeito. Mas trata-se certamente de um filme memorável. A sinopse pode parecer muito louca, mas quando assistimos não tem como não nos perguntarmos: “mas e se fosse possível apagar alguém de nossas lembraças?”.

Lars.And.The.Real.Girl[2007]DvDrip[Eng]-aXXo[(026100)17-53-07]A Garota IdealLars and the Real Girl (2009): Um filme recente, de orçamento modesto e com atores que, embora já conhecidos, ainda não se tornaram estrelas hiper-bem-pagas de Hollywood. Mas o destaque desse filme não fica só nas boas atuações, mas na hilária situação em que toda uma comunidade se vê envolvida quando Lars lhes apresenta sua namorada, Bianca que, entre muitas características curiosas, é metade brasileira e metade dinamarquesa.

BrugesNa Mira do ChefeIn Bruges (2008): Este filme realmente me surpreendeu. Decidi assistir depois de uma busca no Google para descobrir que raios era “Bruges”, e então descobri ser uma bela cidade na Bélgica. E um filme que se passa em um lugar lindo assim merece ser assistido, mesmo que a sinopse no IMDB não me sugerisse grande coisa. Mas como eu já disse, a história me surpreendeu. E, logo após ter feito O Sonho de Cassandra (2007), Colin Farrell fez bem em protagonizar esse filme, assim ele não se queimou muito. (Nota: até hoje não consegui ver graça em Woody Allen).

death_at_a_funeralMorte no FuneralDeath at a Funeral (2007): Uma comédia com vários dos clichês que vemos por aí. Mas essa realmente me fez rir do começo ao fim. Não vou dizer que possui uma moral a ser ensinada, ou que nos conduza a uma catarse, mas é um filme leve e divertido, e todo precisamos de momentos com risadas e pipocas. Mas Hollywood já está dando um jeito de estragar esse filme: estão fazendo um remake com Chris Rock e Martin Lawrence (Nota: por que um filme em língua inglesa e lançado a menos de 2 anos será submetido a esse martírio cinematográfico?).

igbyA Excêntrica Família de IgbyIgby Goes Down (2002): Pouco conhecido no Brasil, muito criticado e de longe meu filme favorito; Igby ainda conta com um elenco mega famoso que inclui Susan Sarandon, Bill Pullman e Jeff Goldblum. A quem gosta de humor negro, esse filme certamente vai agradar. Já aviso que foram poucas as pessoas para quem eu recomendei esse filme que de fato o apreciaram tanto quanto eu. Mas fica a dica.

E antes que alguém pergunte, estrangeiro para mim é todo filme não produzido no Brasil. Acho bizarra essa idéia de que filme estado-unidense não é estrangeiro para os brasileiros; já passou da hora de nós definirmos o que é estrangeiro pelos nossos próprios parâmetros, e não pelo que diz a cerimônia do Oscar. E só para constar: Hollywood, apesar de produzir um lixo comercial atrás do outro, também tem seus filmes incríveis e que devem ser assistidos.

Written by Quel

julho 4, 2009 at 8:56 pm

Publicado em Cinema